Muita gente pensa que sou pobre, pensam por querem, já deveriam ter certeza. Isso não me incomoda, desde que nada me falte, nem àqueles que dependem de mim, sigo cantando... Moro no barranco do rio Tocantins, por ser a parte alta chamam de torrão. Pois bem, é ali que moro no pequeno povoado de Bela Vista, município de São Miguel do Tocantins.
Mas vamos ao que interessa: todo mundo que tem criança em casa já viveu esse meu drama. Tenho um filho de nove anos e uma menina de oito, neta de minha companheira que veio fazer parte da família. Chegaram as férias, quanta alegria, pra eles. Pra nós nem tanto. Se falta a bendita da internet e se eles resolvem trazer os colegas, apertem os cintos, a casa vai virar de pernas pra cima.
Inventaram um jogo de futebol próximo ao jardim, quebraram quase todas as plantas. Respirei fundo, usei quase todas as técnicas de yoga e os parcos conhecimentos budistas: mantenha a calma a bem da disciplina. Sugeri a transferência do jogo para a galeria Neném Bragança, onde o espaço era mais amplo, portanto, mas adequado. Quebraram quase todos os troféus expostos nas prateleiras.
Ali é o meu Capitólio, onde os três poderes se transformam nos três mosqueiros em defesa da constituição e dos sagrados direitos democráticos. É também um espaço consagrado à Arte, onde eu e meus colegas nos emocionamos nos Saraus realizados. Vi a bagaceira e de cara declarei intervenção, mesmo sem as devidas consultas ao Conselho. Ainda baixei a portaria que impede a entrada de uma bola de futebol aqui em casa nos próximos cem anos.
Outras decisões foram tomadas, inclusive o Jorge, responsável pela internet passa agora a usar tornozeleira, para evitar eu ligar e ele não atender. Vou ver o que posso restaurar e nas folgas vou rezar, rezar muito, pras aulas começar o mais cedo possível, enquanto a casa ainda está de pé.
Z T.
Mín. 23° Máx. 37°